O momento nunca foi melhor para quem gosta de tirar fotos com o celular. Fotógrafos profissionais e amadores abraçaram o potencial da fotografia móvel e hoje produzem imagens capazes de rivalizar com aquelas clicadas com equipamentos profissionais.

Não é à toa: a tecnologia evoluiu muito nos últimos anos. Os celulares hoje contam com sensores de captura que lidam bem com baixa luminosidade, além de lentes de qualidade.  Alguns modelos, no entanto, vão além, integrando uma segunda câmera traseira que permite, entre outras coisas, aproximar a imagem sem perda de qualidade.

O blog Fast Life conversou  com o fotógrafo Ricardo Hage, que mantém um site sobre fotografia e ministra cursos sobre o assunto, e Cauê Moreno, profissional com trabalhos publicados em diversas revistas no Brasil e professor de fotografia móvel na Escola Madre. Eles revelam seu entusiasmo pelas imagens capturadas por smartphones e explicam como os sistemas de câmeras duplas tornam os resultados ainda melhores.

Reduzindo distâncias

“As câmeras duplas permitem o zoom óptico em equipamentos muito finos. Por muito tempo esse foi um problema com os smartphones, porque o público ficou acostumado a aproximar e afastar uma imagem apenas fazendo um movimento de lente”, explica Ricardo Hage.

Em celulares com uma única câmera, o zoom nada mais é que uma ampliação digital daquilo que o sensor captura. Isso inevitavelmente gera perda de definição e ruídos na imagem. “O sistema de câmera dupla resolve isso implementando uma lente secundária teleobjetiva. Poder dar zoom com qualidade é muito importante. Tenho um celular com essa tecnologia e hoje não conseguiria ficar sem ele”, opina Cauê Moreno.

Aparência de foto profissional

O conjunto de câmeras também permite obter um efeito de desfoque, chamado bokeh.  Utilizando a distância focal entre os dois sensores, o celular consegue calcular a profundidade dos objetos e, assim, fotografar um objeto nítido em primeiro plano, enquanto o fundo é desfocado.

As fotos ficam com efeito semelhante ao obtido por câmeras profissionais. “Alguns sistemas produzem desfoques muito bonitos e o público identifica isso como um elemento de qualidade de imagem”, analisa Ricardo Hage.

Segundo Cauê Moreno, ter uma iluminação adequada é uma boa dica para obter o efeito. “Se você tirar a foto em um ambiente interno com pouca luminosidade, ela não vai ficar como o esperado. A lente secundária desses smartphones é um pouco mais escura”, explica. “Mas em condições ideais, o resultado é fantástico. Dá para confundir com as fotos tiradas com uma máquina profissional. “

É importante notar que cada fabricante adota um nome diferente para esse efeito de desfoque. A Apple o chama de Modo Retrato e a Samsung de Live Focus, por exemplo.

Conhecendo seu smartphone

Embora os smartphones consigam tirar fotos excelentes mesmo em modo automático, se aventurar nos menus avançados pode levar a resultados surpreendentes. “Entender aspectos básicos da fotografia, como foco, abertura, velocidade do obturador, que são os mesmos de uma máquina fotográfica convencional, ajuda muito a dar confiança ao fotógrafo amador que usa um smartphone”, explica Ricardo Hage.

Como cada celular opera de maneira diferente, a dica é buscar tutoriais na internet e vídeos no YouTube que auxiliem na utilização de cada modelo específico. Cauê Moreno ressalta que as próprias fabricantes estão atentas à importância de educar o consumidor e, por isso, vêm publicando materiais muito completos sobre fotografia móvel.

Enxergando como um fotógrafo

Uma maneira de evoluir é observando o trabalho de fotógrafos reconhecidos. “Nunca foi tão fácil buscar referências”, analisa Moreno. “Ver foto boa ajuda a tirar foto boa.”

Já Ricardo Hage dá uma dica simples, mas valiosa. “O mínimo necessário para tirar uma boa foto é olhar a cena através da tela do smartphone. Parece engraçado, mas muita gente observa a cena diretamente e acaba fotografando sem pensar em coisas como composição de imagem. É preciso pensar que os elementos capturados devem caber no quadro e se relacionar de maneira harmoniosa”.