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Para muitos pais, este momento do ano traz uma tarefa complicada, mas bastante especial: definir a primeira escola do filho ou a mudança para uma nova. E como a educação é ponto fundamental do desenvolvimento do seu pequeno, é importante saber o que analisar para fazer a melhor escolha. O blog te conta quais pontos levar em consideração e como fazer essa transição de maneira tranquila.

Participação das crianças

É muito comum querer envolver a criança na escolha da escola – um cuidado que pode fazer a diferença, mas que precisa ser feito da maneira certa. “Os pais tem que buscar uma escola que realmente agregue na vida educacional dos filhos e são eles que devem tomar essa decisão – é um procedimento exclusivo dos adultos até a hora de realmente fazer a transferência ou a matrícula, porque passar esse peso para os filhos pode ser complicado e eles costumam se pautar por coisas menos importantes, como o parquinho. Definida uma ou duas escolas, você pode visitar com a criança para que ela conheça esse ambiente e fique mais tranquila. Uma situação nova sempre gera uma certa ansiedade, mas se ela conhece o espaço antes do primeiro dia de aula e os pais apresentam tranquilidade, a transição será mais simples”, explica a psicopedagoga Luciana Brites, fundadora do Instituto NeuroSaber, que conta, abaixo, o que você deve analisar.


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Metodologia de ensino

A metodologia de ensino é o ponto central de toda a busca por uma escola, e deve ser levada bastante a sério. “Nós precisamos ter em mente qual é o tipo de educação que queremos para nossos filhos, se é pautada de maneira mais progressista ou mais tradicional”, revela. Conheça algumas metodologias.

Waldorf: desenvolvida pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, esse método procura equilibrar aspectos cognitivos com o desenvolvimento de habilidades artísticas, muscais, de movimento e de dramatização. Cada aluno é tratado como um ser único e acompanhado de forma próxima, desenvolvendo os âmbitos físico, social e individual. As crianças são divididas em faixas etárias e não em séries e têm os mesmos professores dos sete aos 14 anos. Também não há repetência de ano e são aplicadas avaliações trimestrais que levam em conta a execução dos trabalhos, o grau de dificuldade do aluno com cada assunto, o empenho em aprender e o comportamento.

Montessoriana: desenvolvida pela médica italiana Maria Montessori, a metodologia foca na busca de autoformação e construção. As crianças escolhem as atividades que querem fazer e a atenção deve estar nas tarefas a cumprir. O professor atua como guia, removendo obstáculos ao aprendizado e isolando as dificuldades do aluno, sempre respeitando o ritmo de cada um. As classes são formadas com crianças de idades diferentes e o trabalho em grupo é incentivado. São utilizados materiais como o Material Dourado, que consiste em cubos, placas, barras e cubinhos que têm como objetivo facilitar o entendimento de operações matemáticas. Pode ter provas ou não, e quando não há são feitas avaliações a partir dos registros do professor sobre a produção do aluno.

Construtivista: baseado na proposta de Jean Piaget, o conhecimento aqui é construído pelo sujeito e não recebido passivamente do professor. Cada estudante tem sua individualidade respeitada e o trabalho em grupo é altamente valorizado. É comum apresentar situações em que o aluno é estimulado a pensar para solucionar problemas, e existem provas e o risco de repetir o ano. A meta central é que o seu filho seja capaz de fazer atividades novas, sem replicar o que foi feito por outras gerações, e construa habilidades criativas, inovadoras e descobridoras, além de formar um pensamento crítico e autônomo.

Comportamentalista: aqui, o professor tem como tarefa controlar o tempo e a resposta dos alunos e dar feedbacks constantes. As crianças são vistas como pessoas que podem aprender a partir de estímulos e são recompensadas quando os objetivos são alcançados. O foco está na técnica, no processo e no material e os resultados são mensurados através de provas. O objetivo é que o seu filho adquira comportamentos desejados e moldados segundo necessidades sociais determinadas.

Freiriana: o método é baseado nos conceitos de Paulo Freire, que tem como ponto central os aspectos culturais, sociais e humanos. Aqui, o aluno é ouvido para construir confiança e para que ele possa entender o mundo através do conhecimento. Valores como humildade, tolerância, respeito e curiosidade são defendidos e bastante trabalhados em sala e o ensino é visto como uma maneira de “libertar” o aluno, geralmente sem aplicação de provas tradicionais.

Freinet: inspirada pelos conceitos do francês Célestin Freinet, essas escolas trabalham o aprendizado por meio do trabalho e da cooperaão e a criança é vista como parte de uma comunidade. Ela é incentivada a compartilhar suas produções com colegas, sejam de classe ou de outras escolas. As avaliações são feitas de acordo com o progresso do aluno, ou seja, os resultados são comparados ao desempenho anterior e não com o de outros estudantes. Os estudos de campo (em que o seu filho é levado para locais específicos para aprender), elaboração de trabalhos em grupo e debates costumam ser frequentes no currículo.


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Visão e princípios da escola

Além da metodologia, é bacana que você conheça os valores da instituição de ensino e o que é permitido de fato nas normas de comportamento. “Precisamos olhar bem para esses princípios e ter uma conversa muito clara sobre qual é o posicionamento da escola a respeito de temas que você considera importantes para que essas visões estejam alinhadas. O que é permitido ou não de comportamento e vestuário também precisa ser passado para que não existam surpresas desagradáveis mais tarde”, aconselha.

Formação de professores e material didático

Ao visitar a escola, você pode – e deve – pedir que sejam apresentados dados de capacitação e lista de materiais de ensino. “É sempre bom ver a capacitação do professor que vai cuidar da educação do seu filho para ver se ela se enquadra no que você busca, e as escolas fornecem essa informação sem nenhum problema”, conta.

Escola grande ou pequena?

O porte da escola é uma preocupação comum entre os pais, e tudo vai depender da idade do seu filho ou do que vocês consideram mais confortável: “Nos primeiros anos da criança é bacana procurar escolas menores por serem mais acolhedoras e por terem um gerenciamento mais simples das atividades lúdicas. O contato com o professor e a escola também costuma ser simplificado e muito prático. Já para as maiores, escolas grandes também podem ser bem interessantes. Vai do quão confortável você está”.