Convencer as crianças a almoçarem, preparar o jantar, fazer o lanche da escola. Esses são pequenos desafios diários enfrentados pelas famílias com filhos.

Aquela conhecida “torcida de bico” quando o assunto é alimentação saudável, regada a legumes, verduras e frutas, é mais do que normal na maioria das crianças. E a missão dos pais é mostrar o valor de uma alimentação balanceada contra o consumo recorrente dos tão queridos hambúrgueres e pizzas, sem falar nos refrigerantes e nos sorvetes.

Claro que a missão não é das mais fáceis e cada família deve levar em conta as particularidades das crianças para tentar introduzir bons hábitos alimentares, mas, como ouvir outras experiências sempre ajuda a encontrar caminhos nesse imenso universo infantil, trouxemos algumas dicas e histórias pra compartilhar com vocês. Confira:

O exemplo começa de cima. Ver os pais comendo sentados à mesa pode ajudar a trazer a “seriedade” que o momento da refeição exige. Determinar horários e apostar em uma mesa colorida são passos importantes para construir a rotina da boa alimentação, além de proporcionar momentos únicos em família. Quando percebem seus pais comendo saladas e todo tipo de alimento saudável, as crianças se sentem incentivadas a replicar o exemplo e se permitem, ao menos, experimentar os sabores, sem descartá-los logo de cara.

Levar as crianças para ajudar nas compras também ajuda. Além de proporcionar maior contato com a variedade de cheiros, cores e sabores e ser uma oportunidade de explicar os benefícios de cada alimento, é uma boa maneira de ensinar crianças a lidar com finanças.

E não pare por aí! Sempre que possível, leve os pequenos para a cozinha e os promova como ajudantes oficiais no preparo das refeições. Faça com que eles façam sucos e saladas de frutas, vejam os alimentos sendo temperados e refogados e dê a eles os créditos pelo prato principal. Eles irão se sentir importantes e, com certeza, vão querer saborear a própria arte, melhor ainda se forem com os alimentos plantados em sua própria casa.

Os pratos estão à mesa e são uma ótima ferramenta de conquista. Aos 2 anos, segundo Priscila Maximino, nutricionista do Hospital Infantil Sabará (SP) para a Revista Crescer, as crianças começam a rejeitar comidas, principalmente as ofertas mais saudáveis ou querer trocar por comidas industrializadas. No entanto, é também a partir dessa idade que os pequenos exercitam ainda mais a imaginação, o que pode ser uma oportunidade para trabalhar também a sua criatividade com pratos coloridos, desenhos feitos com a comida, histórias e desafios de tesouros. São estímulos valiosos para deixar qualquer refeição mais divertida e saborosa.

De família para família

Na casa de Inês Nacif, mãe de Felipe (13) e Valentina (7), a alimentação entrou nos eixos graças a uma “tática” ensinada pela avó.  “Eu fiz com eles, desde bem pequenos, a mesma coisa que minha avó fazia comigo. Procuro fazer pratos com várias opções e incluo alimentos diferentes para que sempre saibam que irão experimentar algo novo”, conta. “Além disso, como nem sempre eles gostam de determinadas verduras e legumes logo de cara, sempre insisto variando a forma de preparo e apresentação.

Inês também conta que há uma regra a ser seguida: é mandatório que se prove os alimentos. E provar significa colocar na boca, mastigar e saborear. Se realmente não agradar o paladar, eles não precisam e nem comer o que eventualmente tenha sobrado deste alimento no prato.

(Imagem: Instagram)

A mesma regra da experimentação é praticada na casa de Noemi Xavier Cruz, mãe da Luísa (7) e Lorena (5). “Sempre temperei muito bem as comidas com alho e cebola, inclusive as papinhas, e peço para que experimentem tudo antes de falar que não gostam”, diz. “Crianças mudam de opinião com frequência. Às vezes amam beterraba e às vezes detestam. Por isso, é preciso respeitar também a vontade do dia para que não criem total aversão aos alimentos. Hoje em dia, as meninas ficam andando pela casa com brócolis na mão, comendo e brincando.”, completa.

(imagem: Facebook)

Vendo assim, pode parecer simples, mas não é. Trocar guloseimas por alimentos saudáveis é um processo diário e demanda esforço por parte dos pais. “Falo para minhas amigas que é difícil. Muitas vezes dá vontade de ceder e oferecer apenas arroz, feijão, carne e batata. Mas essa insistência de tentar o mesmo alimento umas 20 vezes, apesar de cansativo e de gerar caretas com frequência, é fundamental para colher o sucesso cotidianamente”, alerta Inês.

Castigo? Não!

Apesar das dificuldades, castigar por não comer certos alimentos é um erro comum e pode ser nocivo. A “pressão” faz com que as crianças associem o alimento a algo ruim, criando ainda mais resistência nos pequenos.

Antes de partir para a punição, portanto, tente algumas dessas sugestões:

  • Coloque a comida no prato, mesmo que a criança não vá comer, mas faça isso em pequenas quantidades para evitar o desperdício. Essa é uma forma de promover o contato diário e tornar mais familiares os legumes e verduras.  
  • Misture, de forma gradativa, os alimentos que podem criar mais resistência à comida que eles já gostam.
  • Explique os benefícios dos alimentos de uma maneira que eles entendam. Conte como eles ficarão mais fortes e poderão brincar por mais tempo consumindo espinafre, por exemplo. Conte como podem evitar as gripes consumindo a Vitamina C encontrada em laranjas e em outros alimentos. Construa argumentos convincentes para trocar informações pelo consumo.

Gostou das dicas? Como funciona na casa de vocês? Lembrando que a busca por qualidade de vida e bem estar fica ainda mais completa e divertida quando acontece em cadeia e se reflete em toda a família. Pratique e boa sorte!

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