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Já ouviu falar em vinho laranja? Nos últimos anos ele vem ganhando destaque entre os enófilos do mundo todo, principalmente por sua versatilidade e características exóticas. O sommelier e sócio do bar vinhos Ovo e Uva, Fernando Perazza, conta todos os detalhes desta bebida saborosa e pouco conhecida.

Afinal, o que é o vinho laranja?

A cor, que varia entre âmbar e cobre, é uma das primeiras características notadas e costuma gerar confusão. “Muitos associam a tonalidade e a acidez à fruta laranja, mas é sempre bom lembrar que, embora possua essa coloração, este tipo de vinho é feito com uvas brancas, como as usadas nos vinhos brancos”, ressalta.

Ainda que contenha o mesmo tipo de uva, o laranja não faz parte da classificação dos vinhos brancos. De acordo com Fernando, os aromas são muito diferentes e, neste caso, sentimos uma mistura de frutas secas, ervas e amêndoas, além de notas oxidativas e terrosas com fundo mineral.

Sobre o sabor, pode-se dizer que o vinho laranja remete aos tintos leves. “Ele é mais encorpado do que o branco e possui tanino em sua composição, o que provoca a sensação de secura e rugosidade em diferentes intensidades, assim como os tintos delicados”.


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O melhor dos dois mundos

O vinho laranja une as uvas dos vinhos brancos com o método de preparo dos tintos, o que, de acordo com Fernando, resulta no melhor dos dois mundos. “Na produção de um vinho branco, as cascas das uvas são retiradas logo após a prensagem para resultar em uma bebida translúcida e com alto frescor. Ao contrário dos tintos, que são feitos com a maceração por vários meses, dando origem à cor intensa, textura rugosa e tanino. Para o laranja, o resultado não poderia ser melhor: o frescor e acidez de um com a densidade e adstringência do outro”, esclarece.

Temperatura ideal

A dica é servi-lo próxima a dos tintos leves, que podem ser consumidos um pouco mais refrescados, mas sem exageros. “É ideal que esteja entre sete e doze graus para os mais delicados e entre doze e catorze para os mais estruturados, com maceração mais longa. Evite colocar gelo, pois pode ultrapassar as temperaturas e acentuar o tanino”, aconselha.

Inúmeras possibilidades

Por transitar entre o tinto e o branco, os laranjas se tornam extremamente versáteis e podem ser considerados vinhos curingas. À mesa, são ótimos acompanhamentos para pratos leves, como saladas, peixes, frutos do mar e crustáceos em diversos tipos de cocção e preparo.

Além disso, devido ao alto amargor e acidez marcante, harmonizam perfeitamente com carnes nobres e intensas, como o cordeiro. Segundo o sommelier, “Preze pelos pratos frescos, mas não se restrinja a eles. Experimente combinações com receitas densas e bem temperadas à base de curry, kimchi fermentado e até mesmo shoyu, tradicionais nas cozinhas marroquinas, coreanas, tailandesas e japonesas. Você não vai se arrepender”.