A cerveja é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo – e no Brasil não é diferente: de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, só em 2016 o país teve um crescimento de 39,6% no número de cervejarias. Quer embarcar de vez nessa cultura e degustar sem pressa o assunto? A gente preparou um guia especial que vai tirar as dúvidas e te ajudar a encontrar o rótulo ideal para cada brinde.
Afinal, o que é cerveja?
As cervejas são um tipo específico de bebida alcoólica carbonatada (ou seja, com gás) produzidas através da fermentação principalmente de cereais maltados como a cevada e o trigo, e que também podem conter lúpulo, fermento, frutas e ervas. E, apesar de existirem muitos nomes e estilos – o que pode confundir seus apreciadores – elas estão divididas em apenas três grandes famílias: Lager, Ale e Lambic.
As famílias
Lager
“As Lagers são feitas com baixa fermentação, também conhecida como fermentação a frio. É este processo que determina que uma cerveja seja desta família e não o seu sabor, que vai mudar bastante entre um estilo e outro”, explica a especialista em cerveja Ester Leme, do Capitão Barley. Aquela Pilsen que você encontra em todos os cantos do país está inclusa aqui, bem como as Weiss, as famosas cervejas de trigo.
Nesta categoria você tem também as American Lagers (leves e refrescantes, para serem bebidas bem geladas), as Premium (mais lupuladas e maltadas que as Lagers clássicas), as Lite (ainda mais suaves que as American), as Dortmunder Export (equilibradas em malte e lúpulo, mas com alto teor alcoólico), as Helles (com baixo lúpulo e mais maltadas), as Dry Beer e Rice Lager (com origem japonesa e feitas a partir do arroz em um longo processo de fermentação) e as Radler (Pale Lager misturadas com limonada alemã).
Ale
Segundo a especialista, as Ales são as cervejas feitas através da alta fermentação, e incluem a IPA, um dos estilos mais populares entre quem gosta de rótulos com sabor mais marcante e amargo. Dentro desta família estão variações famosas como as Pale Ales (cervejas claras com graduação alcoólica de até 6%), as Amber/Brown e Red Ales (opções avermelhadas e com corpo e sabor potentes), as Altbier, as Stout (cervejas escuras opacas com forte sabor de chocolate, café e malte torrado), e as Strong Ales (com alto teor alcoólico, que vai de 6 a 12%).
Lambic
“A Lambic é um estilo que passa por fermentação espontânea, que acontece a partir de micro-organismos encontrados apenas na região de Bruxelas, na Bélgica. Por serem muito diferenciadas, geralmente com notas de frutas como a cereja, muita gente prova e tem a sensação de estar tomando um espumante ou um vinho”, conta.
Além da frutada, estão entre as variedades a Faro (com adição de açúcar, âmbar e de sabor temperado com pimenta, casca de laranja e coentro) e a Geuze (mistura de Lambic de um ano de maturação e Lambic de dois a três anos de maturação, engarrafada para uma segunda fermentação).
Foto: Brent Hofacker/ Shutterstock
As novas queridinhas dos cervejeiros
Você já se encantou pelas cervejas de trigo, comumente ligadas à Alemanha? “Geralmente quem sai da Pilsen e quer procurar por uma cerveja artesanal vai primeiro para uma Weiss, que é bem popular”, conta. Fermentadas a partir do trigo, estas cervejas com no mínimo 50% de malte de trigo ou trigo não maltado, estas cervejas são mais turvas e encorpadas. Suas variações são a Hefeweizen (a típica cerveja de trigo alemã), a Kristallweizen (uma variação filtrada e cristalina), a Dunkelweizen (mais escura), a Weizenbock (de alta fermentação e com teor alcoólico elevado) e a Hop Weiss (muito parecida com a IPA, de sabor mais amargo e aroma presente).
Temperatura, a alma do negócio
Sabia que a temperatura ao servir é um dos principais pontos para a percepção de sabores e aromas presentes na receita? “Para as cervejas mais comuns no mercado, aquelas que têm como único objetivo refrescar, a temperatura fica entre os 0°C e 4°C, a mesma das cervejas sem ou com pouco álcool, como as Pale Lagers. Para as cervejas de trigo claras, Pilsens, Lambics de fruta e Gueuzes, a temperatura é entre 5°C e 7°C. Já para as mais alcoólicas e escuras, como as IPAs, Porters e Lagers escuras, é aconselhável entre 8°C e 12°C”, indica. Como nem sempre é possível ficar regulando sua geladeira para a temperatura exata de degustação da bebida – ou ter espaço para os seus rótulos favoritos entre os alimentos – uma boa opção é ter em casa uma cervejeira, que possui controle de temperatura. Conheça as nossas opções aqui.
E se você já ouviu que algumas cervejas são para tomar “quentes”, isso não é apenas mito, como esclarece Ester: “As cervejas bem alcoólicas como Strong Ales escuras, Old Ales e Strong Lagers devem ser servidas levemente geladas ou à temperatura ambiente”.
Os copos ideais
Servir no copo certo é outro ponto importante e que não se trata apenas de estética, então fique atento. “O tipo certo de copo influencia consideravelmente na apresentação da cerveja, formação de espuma e liberação do aroma, contribuindo para que você tenha uma experiência gustativa única”, reforça. Conheça os principais abaixo:
Pilsner: cônico, com boca larga e bem alto, ele é apropriado para cervejas Pilsen porque forma um bom creme e direciona o aroma para o nariz.
Lager: muito utilizado pra chope, ele ajuda na formação e na manutenção da espuma, ideal para opções como as Pilsner e American Lager.
Caldereta: mais baixo e parecido com o copo de caipirinha, ele pode servir lagers claras, IPAs, Bitter e até Porters ou Stouts.
Pint: é simples e comporta uma grande quantidade de cerveja, sendo indicado para servir as Bitters e Stouts.
Weizen: comprido e com a boca mais larga que a base, ele ajuda a projetar o aroma e é o melhor para as Weiss.
Tulipa: parecido com a flor, ele também captura os aromas e deve ser utilizado com cervejas que tenham bastante espuma, como as Strong Ales.
Pokal: parecido com uma taça, ele tem fundo arredondado e boca estreita, versátil para tomar Lagers em geral e algumas Bock e Witbier.